Coroinhas de Santo Aleixo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Semana Santa - Quinta-feira

QUINTA-FEIRA SANTA

Aspectos simbólicos e sugestões pastorais

Dar a toda a celebração uma tonalidade alegre, pois Jesus, antes de sofrer, desejou ardentemente comer esta ceia pascal com seus discípulos (cf. Lc 22,15) e, ao revelar importantes mistérios do Reino, disse-Ihes: "Eu vos digo isto para que a minha alegria esteja em vós, e vossa alegria seja plena" (Jo 15,11).


Glória. Para dar maior brilho e solenidade ao canto do Glória, pode-se acompanhá-Io com o repicar da campainha e o toque do sino.


Deposição da casula. O sacerdote, antes de proceder ao lava-pés, retira a casula ou a estola e veste o avental. Está pronto para o serviço. Depois do lava-pés, o sacerdote retira o avental e novamente reveste-se da casula ou estola. Cada gesto deve ser realizado com calma e dignidade, diante de toda a assembléia.


Lava-pés. Na escolha das pessoas para esse rito, é sempre conveniente salientar os serviços mais humildes na comunidade. Os convidados para o lava pés sejam postos em lugar visível a toda a assembléia. O sacerdote-presidente, além de lavar e beijar um dos pés de cada "apóstolo", pode também dar-lhe um efusivo abraço. São gestos que expressam sim­bolicamente a profunda afeição de Jesus por nós. As comunidades costumam ser criativas, podendo usar outras modalidades para o rito do lava-pés. Importante é que o façam com dignidade e concentra­ção, imaginando quais seriam os sentimentos de Jesus nesse momento.


Procissão das oferendas. Pode-se organizar uma procissão dos fiéis, com donativos para os pobres. Esse gesto realça o amplo sentido da eucaristia e o mandamento novo: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".


Comunhão sob as duas espécies. É recomen­dável que, à medida do possível, todos comunguem sob as espécies do pão e do vinho: é a forma de vivenciar mais profundamente o rito realizado na última ceia.


Procissão para a transladação do Santíssimo Sacramento. Transladar quer dizer transportar de um lugar para outro. O Santíssimo Sacramento será guardado num tabernáculo fechado. Não se deve fazer exposição com o ostensório. O pão eucarístico aí é guardado para a comunhão que será distribuída na Sexta-feira da paixão do Senhor. Usar incenso.


Desnudamento do altar. Simboliza o despoja­mento de Jesus na cruz. Após breve momento de adoração silenciosa ao Santíssimo, o sacerdote e os ministros voltam à sacristia. Retiram-se as toalhas do altar e, se possível, também as cruzes da igreja.

LITURGIA DA QUINTA-FEIRA SANTA

Na "missa vespertina da Ceia do Senhor", cele­bramos a instituição da eucaristia, a instituição do sacerdócio e o mandamento do Senhor sobre a caridade fraterna.

Quatro são os momentos principais que consti­tuem a celebração da missa vespertina da ceia do Senhor:

a) Liturgia da Palavra

• Primeira leitura (Ex 12,1-8.11-14). O trecho bíblico recorda a celebração pascal dos judeus. Mediante a realização da ceia pascal, os judeus faziam memória, isto é, tornavam presente o grande acontecimento do Antigo Testamento: a passagem da escravidão do Egito para a liberdade. Esse texto servia de base ao rito da Páscoa, no tempo de Jesus. Ilustra o que ele fez na véspera de ser imolado em favor de toda a humanidade. A tradição cristã viu no cordeiro pascal imolado a própria figura de Jesus, de quem João Batista havia dito: "Eis o cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29).


• Segunda leitura (1Cor 11,23-26). Escrevendo aos coríntios, Paulo recorda-Ihes a tradição que ele havia recebido do Senhor. Trata-se da narrativa da instituição da eucaristia na última ceia de Jesus com seus discípulos. As palavras escritas por São Paulo, no primeiro século do cristianismo, são fundamentalmente as mesmas que o sacerdote pronuncia hoje na missa.


• Evangelho (Jo 13,1-15). Jesus vive conscien­temente o momento de sua passagem para o Pai. Embora seja o Senhor e o Mestre, Jesus apresenta-se como servo, e indica com clareza as exigências para a participação da eucaristia. Suas palavras são reforçadas pelo exemplo de serviço.

b) Lava-pés

O celebrante repete o gesto de Jesus, que lava os pés dos apóstolos. A ação simbólica manifesta que Jesus se coloca como servo num ato de amor e de serviço para com os apóstolos, e recomenda que se faça o mesmo entre os irmãos. Não ordena que se repita um rito, mas fazer como ele fez, o que significa refazer, em todo tempo e em toda comunidade, gestos de serviço mútuo, por meio dos quais se torne presente o amor supremo de Cristo pelos seus ("amou-os até o fim")

c) Liturgia eucarística

o que se põe em destaque é o memorial da insti­tuição da eucaristia neste dia, reforçado pelo prefácio da eucaristia e por outras orações: coleta, oração sobre as oferendas e oração depois da comunhão.

d) Transladação do Santíssimo Sacramento

Terminada a missa, Jesus eucarístico é conduzido solenemente até o altar da Reposição, que é o ato de recolocar Jesus no tabernáculo. As sagradas espécies eucarísticas para a comunhão do dia seguinte permanecem aí para a adoração dos fiéis

PONTOS DE REFLEXÃO


Com base nas leituras bíblicas e orações da missa vespertina da quinta-feira santa, proponho alguns pontos de reflexão. Quanto mais aprofundarmos o sentido da celebração, mais condições teremos de participar dela ativamente. E as pessoas escaladas para o serviço do altar certamente vão atuar com mais concentração e dignidade.

A novidade de Jesus

Ao celebrar a Páscoa, os judeus faziam memória da ocasião em que foram libertados da escravidão do Egito. Louvavam a Deus com salmos e orações, consumiam pão sem fermento, ervas amargas e um cordeiro; como bebida, tomavam algumas taças de vinho. Qual é a novidade que Jesus traz para a última ceia? Jesus dá novo sentido ao pão e ao vinho. Com efeito, ele toma o pão, e diz aos discípulos: "Isto é o meu corpo que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim", e depois parte o pão e o reparte entre os discípulos. Em seguida toma uma taça com vinho e diz: "Este cálice é a nova aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim" (lCor 11,24-25). Jesus realiza ritualmente o que deverá acontecer realmente na cruz: o pão é seu corpo, que será entregue; o vinho é seu sangue, que será derramado em favor de todos, como memorial da nova e eterna aliança. Jesus faz-se alimento espiritual para nós. Ele, que conhece profundamente os anseios do coração humano, dispõe-se a entrar em nosso organismo, em nossa vida, em nossa história cotidiana, sob os sinais do pão e do vinho.

Instituição do sacerdócio ministerial

A eucaristia não é um ato fechado, limitado às quatro paredes do cenáculo e ao grupo dos apóstolos; ao contrário, ela se abre para todos os tempos e gerações.

Paulo dizia: "Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha" (lCor 11,26). E repetia:

"Fazei isto em minha memória" (Lc 22,19). Aqui nasce a instituição do sacerdócio ministerial. Os sacerdotes, conforme a Constituição dogmática sobre a Igreja, "exercem seu ministério sagrado principalmente no culto ou assembléia eucarística, onde, agindo na pessoa de Cristo e proclamando seu mistério, juntam as orações dos fiéis ao sacrifício de Cristo, sua cabeça, e no sacrifício da missa renovam e aplicam, até a vinda do Senhor, o único sacrifício do Novo Testamento ... " (LG 28). Por isso, diz-se que a quinta-feira santa é também o dia do sacerdote.

O mandamento do amor

No contexto da última ceia, após lavar os pés dos discípulos, Jesus nos deixa o mandamento do amor:

"Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros" (Jo 13,34). Amor que se expressa no serviço aos irmãos e irmãs: "Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros" (Jo 13,35).

Atitude de humildade e serviço

Jesus abaixa-se diante de cada apóstolo para lavar-lhe os pés. Esse gesto nos toca profundamente:

Deus abaixa-se para erguer o ser humano. Esta lição de humildade nos convida a ser gratos a Deus e a servir nossos semelhantes.

Todos somos iguais e filhos do mesmo Pai

Jesus não seguiu nenhuma hierarquia para começar a lavar os pés dos apóstolos; e também não excluiu nenhum deles, nem mesmo o traidor. Isso nos revela que, na comunidade de Jesus, todos somos iguais, todos somos irmãos. Não importa a posição que uma pessoa ocupa na sociedade, nem quanto dinheiro tem no banco. O que importa é que todos somos filhos do mesmo Pai.

Eucaristia e compromisso social

Fazer memória da eucaristia é assumir hoje o modo de ser e agir de Jesus. Ora, Jesus dedicou todo o seu tempo e aplicou todas as suas energias para melhorar as condições de vida dos pobres e dos que viviam à margem da sociedade. A luta de Jesus tinha em vista restituir a dignidade a todo ser humano. Essa é a exigência que brota da eucaristia para nós hoje.


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